sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Série Rabiscos Noturnos.

3. Já é noite

Já é noite, a pouco passamos das 19 horas, ainda está claro, apesar do tempo de chuva, mas já é noite, pelo menos é o que os relógios dizem. A mim pouco importa. Na verdade nem sei se algo mais me importa. Bate uma vontade de largar tudo, abrir mão de tudo, antes que o amanhã chegue, antes que a noite que mal começou acabe e quem sabe, ainda poder aproveita-la alguns instantes.
Já é noite, sinto que estou perdendo tempo. Preciso abrir as portas e janelas para jogar tudo fora, até a razão, depois sumir. Já é noite, ninguém poderia me encontrar.
Acaso, meus braços atados, ainda que fortes, não se movem, não atiram o primeiro sopro de liberdade pela janela que se encontra ao meu lado, aproximadamente um metro. Por acaso o pensar inibe o ato? Não sei, mas sempre que pensei o tempo correu, chegou a noite, e tudo caia sob o pano do sono profundo.
Já é noite, e não sei por onde começo.
As infinitas e intocáveis teclas ameaçam me entregar. Já é noite, tenho medo e por isso tantas noites em claro, mas claro que essa não é uma regra, só uma fase. Está acabando com o que resta de mim, que é tão pouco que mal se sustenta. Queria ser intenso sempre, como a noite e seus apetrechos, mas a minha natureza está fatigada... morta não.
Já é noite, a pouco estamos das 20 horas, ainda está claro, apesar do céu dizer alguma coisa, não sei mais se choverá ou não. A mim pouco importa. Aliás, nem sei se algo mais me importa, caso contrário, gostaria que não me importasse.
Já é noite, acho que vou ficar aqui sozinho, sem tocar em nada... Engraçado, chamamos de ¿nada¿ ¿tudo¿ que temos, basta ver os alertas que nos são dado desde criança (¿não toque em nada!¿), mas isso é só uma bobeira minha, uma coisinha de nada.
Já é noite, e por hora não tenho mais nada a dizer.

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