segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Série Rabiscos Noturnos

10. O que está debaixo da pele
parte 1

O que está debaixo da pele
Está acima do mundo
Está mudo
Está nulo

O que está debaixo da pele
Toca a pele
Que toca a pele
Que apela

O que está debaixo da pele?
Este
Esta
Está

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Série Rabiscos Noturnos

9. Sem título 2

O eterno retrocesso
Tão certo
Tão belo
Quando vê
Já foi

Segue sem saber que dia é hoje
Sem saber se é
Se não é
Se foi
Se foi

O eterno retrocesso
Comigo brinca
:)


Sábado, Dezembro 30, 2006, 2:54AM
Série Rabiscos Noturnos

8. Sem título
obs. ritmos

Leve
Breve
Intenso
Profundo

Pro fun do...



No fundo

Leve
Breve
Intenso
Profundo
No fundo

Profundo
Intenso
Breve
Leve

Levito
Lhe evito

Hora
Ora
Orra!
P.!

Urra
Evito




Leve
Agora
Ora
Ora



Dentro
Leve


Sábado, Dezembro 30, 2006, 2:47AM
Série Rabiscos Noturnos

6. Título ao final.

Já havia me esquecido, afinal, há quanto tempo, ¿pois é, quanto tempo¿. Não sei bem por onde começar, me falta à mente - por ocupação com coisas bestas - algo que me faça prosseguir, mas ainda aqui insisto, como quem não quer nada, sabendo que ninguém quer nada, o que já é alguma coisa, coisa pouca que seja, mais que nada é. Não sei bem por onde começar, talvez deva ficar tranqüilo, mesmo que o sono não venha - destruí a noite estendendo meus sonhos além o meio dia. Ainda não sei se vale à pena de estar aqui, acordado, sem palavras, sem nada, sozinho no cerrado, ouvindo músicas que não sei a letra ou mesmo sem melodia, perpetrando o silêncio que alguns dias me invade. Em certos momentos me perco, não sei se comigo falo ou se só escuto a voz do meu pensamento, afinal, acredito eu, pensamos no mesmo tom que falamos, e sendo assim, até o silêncio diz alguma coisa, só para contrariar o próprio silêncio.
Uma pausa para o café.
Até a chuva têm seus por quês, quisera eu ter os meus. Digo e é por pouco, que algum sentido deve haver nas águas que ao princípio da noite caíram, brutas, como quem diz: olha-me! Olhei-a e mal disse seus transtornos, ilhado em um lugar fora daqui, mas com a sorte de um livro para passar o tempo. A chuva, ela têm seus por quês, poderia muito bem cair agora, quando todos dormem, ou pouco antes, quando todos deitam, mas não, goza do fruto de sua liberdade, age como bem entende sem que entendamos o que pretende. Diria eu que hoje - talvez esteja mais atento a ela que de costume ¿ ela quis descer as sarjetas, ao asfalto, ao teto das árvores, telhados, gramados, enfim, estar na terra para ver o firmamento. Besta não? Soubessem a noite que agora faz daria razão a ela. Acabasse agora a luz da cidade como no momento em que eu lavava a cabeça enquanto ela caia. Não, melhor não, perderia o que aqui escrevo, ficaria puto, me conheço.
É, a chuva têm suas razões, e me assusta pensar em como é minuciosa a ponto de pensá-la como ser vivo e não só como fonte da vida. Teria a chuva em surdina tramado contra mim (ou ao meu favor, visto o que se passa agora). Cautelosa, na espera da minha nova trilha sonora ¿ pois é, logo hoje meu player toca algo que até então ambos desconhecíamos ¿ invoca um desses momentos ao qual denominamos único. Sim, sim, único, ínfimo, integro e fugaz, como a fumaça de um cigarro ou a queima de um incenso (há quem dirá que o aroma seja igual, mas, veja bem, cada fumaça tem o dom de ser única).
Chuva, como pode, ser sempre a primeira em muitas? Como poderei agora olhar para ti sem pensar nos seus motivos, sem torná-los meus, somente meus.
Agora chuva, na embriagues da minha memória que só os dias passando causam, lembro-me da última vez que nos encontramos. Em outro lugar, longe daqui, me avisava em imprevisto durante minha caminhada, que as noites quando queres são assim, únicas e com estrelas, afinal, quem diria que por de trás daquela cortina e daquela cortina (sim, duas) haveriam estrelas. Sabias tu do meu calor e do meu gesto em busca de aliviá-lo? Sabias? Penso que sim, e torno com menor espanto a pensá-la viva.
Quantas coisas se passam sem que tomemos conhecimento delas, nossa... quantas coisas. Talvez seja isso que queira me dizer ao despejar sobre mim seus milhões de dedos, e foram milhões nesses dias todos. Tão ¿perdido¿ que nem reparei, e só agora, nós dois em terra conversamos, novamente, a olhar o firmamento em silêncio.

Sobre a chuva
Sob o firmamento


Sexta-feira, Dezembro 29, 2006, 4:07AM
Série Rabiscos Noturnos

5. Primeira loucura

...
Vivo ou morto
fico louco
fico vivo
vivo e morro
morro abaixo
abaixo fico
fico vivo
vivo e morto
nem vivo
nem morto
fico
vou
vôo
e fico louco
Vivo ou morto
fico louco
fico vivo
vivo e morro
morro abaixo
abaixo fico
fico vivo
vivo e morto
nem vivo
nem morto
fico
vou
vôo
e fico louco
Vivo ou morto
fico louco
fico vivo
vivo e morro
morro abaixo
abaixo fico
fico vivo
vivo e morto
nem vivo
nem morto
fico
vou
vôo
e fico louco
Vivo ou morto
fico louco
fico vivo
vivo e morro
morro abaixo
abaixo fico
fico vivo
vivo e morto
nem vivo
nem morto
fico
vou
vôo
e fico louco
Vivo ou morto
fico louco
fico vivo
vivo e morro
morro abaixo
abaixo fico
fico vivo
vivo e morto
nem vivo
nem morto
fico
vou
vôo
e fico louco
Vivo ou morto
fico louco
fico vivo
vivo e morro
morro abaixo
abaixo fico
fico vivo
vivo e morto
nem vivo
nem morto
fico
vou
vôo
...


Segunda-feira, Dezembro 25, 2006, 11:03PM
Série Rabiscos Noturnos

4. Amargo

Amargo é:
Provar de si

só deixei
só fiquei
só outrem

E eu amargo sinto

Amargo fica:
se doce queres bem
quem só deixa
quem só fica
quem só está bem.


Terça-feira, Dezembro 05, 2006, 9:38PM
Série Rabiscos Noturnos.

3. Já é noite

Já é noite, a pouco passamos das 19 horas, ainda está claro, apesar do tempo de chuva, mas já é noite, pelo menos é o que os relógios dizem. A mim pouco importa. Na verdade nem sei se algo mais me importa. Bate uma vontade de largar tudo, abrir mão de tudo, antes que o amanhã chegue, antes que a noite que mal começou acabe e quem sabe, ainda poder aproveita-la alguns instantes.
Já é noite, sinto que estou perdendo tempo. Preciso abrir as portas e janelas para jogar tudo fora, até a razão, depois sumir. Já é noite, ninguém poderia me encontrar.
Acaso, meus braços atados, ainda que fortes, não se movem, não atiram o primeiro sopro de liberdade pela janela que se encontra ao meu lado, aproximadamente um metro. Por acaso o pensar inibe o ato? Não sei, mas sempre que pensei o tempo correu, chegou a noite, e tudo caia sob o pano do sono profundo.
Já é noite, e não sei por onde começo.
As infinitas e intocáveis teclas ameaçam me entregar. Já é noite, tenho medo e por isso tantas noites em claro, mas claro que essa não é uma regra, só uma fase. Está acabando com o que resta de mim, que é tão pouco que mal se sustenta. Queria ser intenso sempre, como a noite e seus apetrechos, mas a minha natureza está fatigada... morta não.
Já é noite, a pouco estamos das 20 horas, ainda está claro, apesar do céu dizer alguma coisa, não sei mais se choverá ou não. A mim pouco importa. Aliás, nem sei se algo mais me importa, caso contrário, gostaria que não me importasse.
Já é noite, acho que vou ficar aqui sozinho, sem tocar em nada... Engraçado, chamamos de ¿nada¿ ¿tudo¿ que temos, basta ver os alertas que nos são dado desde criança (¿não toque em nada!¿), mas isso é só uma bobeira minha, uma coisinha de nada.
Já é noite, e por hora não tenho mais nada a dizer.
Série Rabiscos Noturnos...

2.Folia

Banguçada
desanda
dança!
que as tuas pernas ja não podem andar
salta
tira os pés firmes do chão
sinta o ar
ele que te abraça agora
leve

banguçada
comanda e lança
teu olhar pro céu
telescópico
habita o azul com pétalas
brancas
fragmentos do teu corpo disperço no espaço
e já não há lugar que não toque,
já não há lugar pra onde olhe,
mesmo na profundeza de minhas palpebras baixas
e do meu frio olhar,
q não ilumines.

bagunçada
desanda
dança!
que minhas pernas já não podem andar
salta
tira os pés firmes do chão
sinta o ar
voar
voar
voar
para depois repousar descalça em terra
que em leito permante
admirida
de papo pro ar.
Série Rabiscos Noturnos...

1. O Silêncio

O silêncio...
canto de quem espera.
Imprudente.
Uma sorrindo,
3/4,
7/8,
amanhã talvez cheia.

O silêncio...
canto de quem espera,
onde mora o vento
e outras coisas leves,
coisas nem sempre tangiveis
...

Silêncio

Silêncio

Escuta?

Passos lentos no espaço de um quarto,
pouco mais de um dia e
minha voz baixinha
para não quebrar o silêncio,
dizia:



Você já sabia do silêncio,
canto de quem espera
imprudente.

Alerta!
Alerta!

A chuva caindo baixinho...
os passáros voando baixinho...
o peito baixinho...
no chão,
tão longe do céu,
da noite,
onde só existe o silêncio,
onde 1+1=1.

Te conto
(ainda baixinho):
Desenhei uma constelação,
suas mãos.